segunda-feira, 10 de março de 2008

INSÓNIAS FEBRIS

Adormecera basicamente de rastos, com muita dificuldade em encaixar os pormenores da vida que agora de aglomeravam nos confins do pensamento, sem cobranças era um ideal raramente aplicável que me fazia perceber que era só mais uma fase em que as palavras, por mais belas que fossem, eram meras palavras.
O tempo é ditador e autoritário, mesmo quando a vida pessoal nos virava ao contrário não tínhamos grandes hipóteses de fuga, o nosso escape era fugir mas nunca o conseguíamos fazer na nossa plenitude. As noites mal dormidas e os vícios que se aplicavam com mais intensidade nestes momentos torturavam-nos enquanto incentivavam a nossa revolta interior, já não podia consentir que fizesses sentir desta forma tão desprazida, aterrorizadora e feroz… tentava então dormir entre duas almofadas, uma que me aconchegava o pescoço e outra que fazia a tua vez naquela grande cama onde eu jazia todas as noites, e nesta especialmente febril e sozinho.
Sonhos e suores frios acompanharam o meu sono e o stress que deles provinha era assustador, que vontade de poder parar, não conseguia, mesmo quando adormecia por instantes os sonhos fabricavam adrenalina pura e momentos de raiva e stress. Curiosamente lidei bem com todos eles enquanto tentava perceber se eram ou não reais, fui completamente posto à prova, uma prova sem júri, sem concorrência e sem razão.
Acordei vezes sem conta, ora sob um gélido transpirar ora de punhos cerrados tal não era o stress que se pintava nestes quadros que Freud, certamente, adoraria interpretar.

Ninguém disse que a vida era fácil, e quanto mais facilitada for, mais dificuldade teremos em lidar com as suas adversidades. O amor começa em ti e na capacidade que tens de gostar tanto ou mais de alguém do que gostas de ti mesmo, um sentido, uma razão pela qual nunca cometerás suicídio, uma força para viver de sorriso espelhado na face, um feliz acordar e um descansado olhar sobre o pôr-do-sol, uma graça por estarmos vivos a cada dia que passa.

Tiago Bento
Lisboa, 10 de Fevereiro de 2008